Foto: Rubens Chiri


A classificação veio, com suor e brilho de um ídolo – daqueles que toda criança sonha ser um dia. É o tipo de jogador que poderia ser um super herói. Sou confesso admirador de RC, portanto não só como torcedor, mas apaixonado por futebol, foi difícil não se emocionar com os pênaltis de ontem.

Pois bem, tirante o fato de ter chegado no templo sagrado com a bola já rolando, devido ao horário burro imposto por interesses comerciais (torcedor sofre), o que se viu no primeiro tempo foi mais do mesmo. Mais de uma insistência com um ataque sem referencia/eficiência, e a mesma falta de organização e criatividade dos últimos jogos.

RG mais uma vez escalou mal o time. Independente de W9 ser caneleiro ou não, é o que temos. Ontem, tivemos um embate de três nanicos contra uma defesa forte e bem colocada do frágil mas competente retranqueiro Universitário. Resultado? Jogo de ataque contra defesa – defesa esta muito mais competente que o ataque.

Pra piorar, algumas atuações individuais foram sofríveis – Jorge Wagner foi péssimo, enquanto Cicinho, apesar do espírito e da qualidade indiscutível, foi praticamente nulo (precisa de uma vez por todas perceber que já está no Brasil). Em contrapartida, Alex definitivamente é um monstro. Jogou muito o tempo todo, mesmo sem muito trabalho contra um ataque improdutivo e que levou perigo duas, não mais que três vezes.

Com exceção de uma bola no travessão, cabeceada por Souto ainda no primeiro tempo, o time saiu para o intervalo sob vaias. Vaias de mais de 43 mil torcedores que como já citado, enfrentaram transito, preços altos e aquele desrespeito já normal em grandes jogos. Vaias que vieram com plena justiça, afinal é impossível bater palmas para uma atuação acomodada e desinteressada.

Veio o segundo tempo e com ele, a esperança de pelo menos um golzinho. Aquele salvador, que aliviaria a agonia de todos, além de garantir a classificação para as quartas de final. Contudo, mesmo com a entrada de W9 no lugar do nulo Jorge Wagner, o gol não veio. Mas façamos justiça – o time brigou muito, tentou muito e não marcou por ineficiência. Não da pra condenar um ou outro. Podemos sim, analisar individualmente situações que contribuíram para os nervos ficarem a flor da pele, como por exemplo o fato de Fernandinho, na minha opinião ser jogador de segundo tempo. Individualista, fominha, e que sentiu o peso de uma Libertadores. No meu time é banco.

Dagoberto foi mal escalado, sem posição fixa em campo e Hernanes mostrou seu futebol não mais que 20 minutos se somarmos os dois tempos. Marlos foi um dos mais lúcidos em campo, mas também precisa trabalhar mais em equipe. Individualista ao extremo perdeu muitas jogadinhas bobas. Poderia ser mais participativo. Cicinho, como citado anteriormente não apoiou nem defendeu. E no segundo tempo foi substituído por Jean, pois Alex Silva estava jogando por dois naquele setor.
Não vou entrar no mérito de Marcelinho ter entrado ou não apenas para bater pênalti ou ainda uma possível desavença com RG. Mesmo sendo muito pequeno para o tamanho do time que dirige, não acho que RG errou.

Mas enfim, depois de muito tentar (novamente ratifico que vi pelo menos vontade no segundo tempo) a decisão foi para a marca do cal. E para deixar a situação ainda mais ‘interessante e desesperadora’ nosso maior ídolo perdeu a primeira cobrança, batendo muito mal diga-se de passagem.

Com toda essa historinha de desespero e angustia, minha cabeça voltou alguns anos, onde no mesmo templo tive a oportunidade de ver se não a mais, uma das mais emocionantes e empolgantes disputas de pênaltis, contra o Rosário Central (ainda me recordo desse jogo como um marco).

E é nessa hora que o ídolo aparece. Quem imaginaria que depois de perder a primeira cobrança RC pudesse pegar algum penalti? E não pegou um. Foram dois! E mesmo pulando para o outro lado na quarta cobrança do Universitário viu a bola sair caprichosamente pela linha de fundo. Isso não é sorte. É camisa – ou mais que camisa, é um Mito que veste ela.

O Morumbi respirou aliviado, e confesso que meu coração voltou aos poucos, aos batimentos normais. Com um enredo escrito desde antes do jogo, em que foram distribuídos bandeirolas com a inscrição RC900, o final não poderia ser diferente. Talvez valha filme. Daqueles de super heróis, que batem na porta do inferno para depois salvar toda uma nação. Esse herói, no meu enredo se chamaria Capitão América.

SALVE O TRICOLOR PAULISTA! SALVE ROGÉRIO CENI! DENTRE OS GRANDES, O PRIMEIRO!