Analisar o jogo de ontem sem um mínimo de consciência futebolística seria demais até para o sentimento de torcedor que me faz entre outras coisas, ser parcial neste espaço – regra que jamais adotaria em qualquer canal de comunicação em minha vida profissional.

E por mais que procuremos culpados, o que ficou para a semana e para o resto do campeonato é que fomos desclassificados pelo time sem cor, da maneira que, nem o mais pessimista sãopaulino poderia imaginar. Mas, como dito no parágrafo acima, há de se reconhecer que eles foram muito lúcidos tática e psicológicamente. Fazia tempo que não via o São Paulo tão atabalhoado como ontem, em especial após o segundo gol.

O time fez um bom primeiro tempo, mesmo sem criar a tal ‘blitz’ na área corintiana. Teve chances de marcar e jogar mais tranqüilo. Com exceção de uma defesa de Bosco em chute de Ronaldo, o time da Marginal não demonstrou tanto perigo. Como erro, ao meu modo de ver, a escalação – Dagoberto não poderia ter começado o jogo. Se o garoto Wellington assumisse a laterla/ala direita, teríamos muito mais chances de criação do que com o camisa 25 que fez uma partida péssima, errando passes de 1 metro.

O segundo tempo mal havia começado, e depois de enfiar o cocoruto na bola, Borges acertou o travessão de Felipe. E foi só. Dois gols relâmpagos desmontaram todas as pretensões Tricolores no certame. Destaque, e porque não elogiar, o gol de Ronaldo que ganhou na corrida de Rodrigo. A qualidade do cara é indiscutível e mesmo fora de forma deixa muito marcador com preparo atlético para trás. O pior foi ouvir (com justiça) um desabafo do maior artilheiro em copas, ao dizer que sempre foi muito bem tratado no São Paulo, mas um ‘babaca qualquer’ disse que ele era ex-jogador. Dirigente não entra em campo, portanto, é bom evitar que passemos novos constrangimentos como o depoimento de ontem.

O jogo se resumiu a um time muito bem postado taticamente e outro que depois do segundo gol desapareceu em campo. Em contrapartida, algo que me deixou ainda mais orgulhoso em vestir vermelho branco e preto. As arquibancadas se resumiram a um exemplo de amor ao São Paulo Futebol Clube. Com um jogo perdido, passados 40 minutos da etapa final, mais de 40 mil torcedores do Maior do Mundo giravam as camisetas cantando o hino e acendiam sinalizadores no Templo Sagrado. De arrepiar! Simplesmente sensacional! Infelizmente nossa imprensa não valoriza esse tipo de torcida, a não ser que use as cores branca e preta e invadam campo quebrando alambrado depois de vergonhosas campanhas na Libertadores. Fiéis são eles, não nós.

Muricy deixou claro em sua coletiva, que o time vai dar a vida pela Libertadores. Que era o mínimo de retribuição após uma fatídica tarde de derrota em que a torcida aplaudiu cada jogador no apagar das luzes. Agora, a vida do time é a competição mais importante do ano, não só no semestre. Cabeça no lugar e vitória na quarta, fechando a primeira fase da competição em uma boa colocação na classificação geral são imprescindíveis para manter o foco que apesar de ter mudado na última semana, volta com tudo a partir desta semana. Paulisteco é passado e não deixa recordação nenhuma. Libertadores é presente e nos alça ao topo do mundo futebolístico – topo que já tivemos a felicidade de alcançar por três vezes.

Avante, cabeça erguida e Saudações Tricolores!