Qual a diferença entre obsessão e obrigação?

As duas palavras rondam os corredores do Morumbi desde que o tricampeonato Brasileiro foi consumado. Muricy deixou claro que a conquista da Libertadores da América era a PRIORIDADE para 2009, pois está engasgada após os últimos 3 anos em que o time perdeu a final para o Inter e foi desclassificado para Grêmio e Fluminense.

Eis portanto, que surge essa outra palavrinha – Prioridade, que em nosso calendário seria como ‘jogar sempre com time titular, poupar no paulisteco e pensar na melhor classificação possível para resolver as partidas de mata-mata (espero que seja no plural) no Morumbi’.

Não foi o que aconteceu e novamente não entrarei em mérito de erros ou acerto com relação ao time que viajou à Medelín. Já está feito, não há que chorar o leite derramado.

Contudo, há de se salutar, que essa ‘prioridade’ pode ser dosada com obsessão, mas jamais como obrigação. Não é obrigação em nenhum time do mundo ser campeão de um torneio tão difícil como a Libertadores. Mesmo se pegarmos times ‘top de linha’ da Europa, como Manchester, Liverpool, Barcelona ou Chelsea, nenhum teria vida fácil na competição sulamericana. Ou alguém imagina que conseguiriam jogar tranqüilos na Bombonera, com torcedores enlouquecidos ‘fungando no cangote’ do jogador quando este cobrar um escanteio? Tendo o ônibus cercado em uma rua minúscula como é o caso do mesmo estádio e ouvir esses mesmos torcedores com ofensas e muitas vezes jogando tudo que vem a frente no veículo?

Aliás, aproveitando o gancho, de 2005 pra cá, foram 2 títulos para cada continente no Mundial Interclubes, sendo o Tricolor em 2005, Inter em 2006 além de Millan em 2007 e ano passado o Manchester (com imensa dificuldade) contra a fraca LDU. Isso, claro, não serve de comparativo para pensarmos em como um desses clubes se portaria jogando pelas bandas de cá, mas serve para o torcedor perceber que a conquista glorifica e a derrota, dentro de algumas circunstâncias, não é nada de anormal.

Por isso, acredito que a competição deve sim, ser tratada como obsessão, principalmente tendo em vista um estigma de ‘cai-cai’ que a imprensa insiste em colocar no técnico quando algo não dá certo, e pior – o torcedor cai na história. Contudo, a pressão para que isso ocorra deve ser com dirigentes mau-preparados calados ou fora do cargo e a torcida repetindo o gesto do domingo em que o time foi desclassificado – cantando e mostrando o orgulho e amor pelas cores vermelha branca e preta. Basta lembrar que um ano antes de ganharmos paulisteco, Libertadores e Mundial, muito torcedor jogou pipoca em campo após um time fraquíssimo ser desclassificado pela zebra Once Caldas (que viria ser campeã naquele ano). O ano seguinte foi de redenção e com exceção das três desclassificações já citadas além do Paulsiteco (que ainda tem gente que valoriza) o time disputou e ganhou muita coisa.

Agora é esquecer a obrigação e tratar o campeonato como o mais importante na vida de cada jogador que defender o time. É o título que alça todo jogador e equipe ao ápice do mundo futebolístico no que se refere a clubes. Qua a obrigação fique dentro de cada um honrar essa camisa e suar sangue em campo caso necessário. Tínhamos apenas um craque no time, que infelizmente nos deixou até agosto. Agora, ficaram ótimos jogadores que no conjunto podem fazer a diferença. Isso claro, se na cabeça de todos eles e de milhões de torcedores o campeonato for tratado como o mais importante, não como obrigatório.

Saudações e Avante Tricolor!!!!